domingo, 31 de agosto de 2014

Eric Gales: O mito da guitarra dá aula de música e humildade em São Paulo


Por Bruno Sawyer

Noite fria de quinta-feira na terra da garoa. Hora de se preparar para a chegada da tão aguardada sexta-feira, correto? Errado!




Quem resolveu aproveitar a noite e curtir uma boa música se deu bem. Na verdade, se deu muito bem!

O músico americano Eric Gales fez uma apresentação memorável no Gillan’s Inn English Rock Bar na última quinta-feira em São Paulo e, definitivamente, mostrou que é um dos maiores nomes da guitarra de todos os tempos.

A abertura da casa se deu às 19:30 e o público começou a chegar timidamente, talvez em função do expediente de trabalho da maioria. Por volta das 21:30 já havia bastante gente, mas o restante do público continuava a chegar e tomar seus lugares e às 21:40 o mestre de cerimônias da casa anuncia a entrada da banda Plexiheads para realizar a abertura do evento e aquecer o público para o que estava por vir.


Eram 23:15 quando o momento mais esperado da noite chegou. A banda subiu no palco, tomou suas posições e esperou a grande estrela da noite entrar em cena. Pouco tempo depois surgiu ele, o lendário Eric Gales.

Ovacionado pelo público (a esta altura a casa já estava cheia) ele gritou “São Paulo!” e a plateia respondeu com empolgação. Já na primeira música vem a constatação inevitável: Eric é um monstro da guitarra!

Após o fim da canção ele pergunta como o público está e diz que a última vez que esteve aqui foi quando tocou no Bourbon Street e naquela noite estava no Gillan’s.
A segunda música começa e o público acompanha o riff da guitarra com palmas. Todo seu virtuosismo é apresentado na bela sessão rítmica do solo, que interagiu com o público e recebeu um retorno positivo. Uma paradinha antes de finalizar e, com os aplausos da plateia, a canção termina.

Após o término Eric diz:

- “Cara... Uau! Uau! Isso é tão divertido!

Interagiu com o público, apontando para todos os setores da casa e disse que era ótimo vê-los. Logo após, ele disse que tinha uma surpresa e pede uma salva de palmas para sua esposa LaDonna, que subiu ao palco e, após um beijo carinhoso, a terceira canção foi iniciada.

Com aplausos após a intro, o guitarrista começou a cantar e foi acompanhado por sua esposa. O som era contagiante. Aliás, o swing é uma das marcas do trabalho do músico e isso ficou explícito durante o solo, onde ele dançava e tocava ao mesmo tempo, sendo acompanhado por LaDonna no “balanço”. No fim, como não poderia ser diferente, mais uma vez foi ovacionado pelo público.

A quarta música começou e o alto nível da apresentação se manteve. A plateia bateu palmas para acompanhar o segundo solo da canção e mais um trecho da aula de humildade começou. Eric disse a todos sobre a importância de seu irmão mais velho Little Jimmy King (falecido em 2002) e disse que iria tocar uma música dele. Após isso, solou apaixonadamente e emocionou a todos, demonstrando a sua grandeza como pessoa.

A quinta música foi executada e nela tivemos a hora do solo da “cozinha”. Eric apresentou o baixista Ugo Perrota e os dois guitarristas deixaram o palco para o solo recheado de técnica e feeling. Logo após tivemos o solo de bateria. Alexandre Loureiro mandou ver e mostrou toda sua técnica e energia.

Ugo e Eric retornaram e a banda ficou num formato de trio. O guitarrista disse que era sua vez e começou a tocar, para alegria de todos, Don’t Fear The Ripper do Blue Öyster Cult. Um improviso maravilhoso foi feito sobre a melodia. O músico interagiu com o público pedindo para que cantassem a melodia e foi prontamente atendido.

Após o término da canção Eric conversou com a plateia. Disse que esse era o último show de toda a turnê e que era ótimo encerrar em São Paulo. Disse que se sentia ótimo pelo fato de haver várias pessoas maravilhosas cantando junto com ele e agradeceu aos parceiros de banda pelo apoio e disse que achava muito legal o fato das famílias dos mesmos estarem no recinto prestigiando a apresentação.

Antes de iniciar sexta canção o músico diz que era a preferida de sua esposa. Após o fim da música o guitarrista cumprimentou efusivamente o baterista Alexandre.

A sétima canção mostrou que a sintonia da banda estava cada vez melhor. Esta trouxe a tona o lado Angus Young do músico, pois ele deitou no chão e ficou solando freneticamente sua guitarra com toda a maestria de um verdadeiro gênio.

Obviamente, após acabar a canção sentado no palco, o músico foi ovacionado pelo público com uma enorme salva de palmas. Algumas pessoas aplaudiram de pé.

Tava tudo muito bom... Mas será que ele não iria tocar nenhuma música de um cara que é uma das suas principais influências? Um negro canhoto que abalou o mundo do rock nos anos 60... Um tal de Jimi Hendrix...

Bem, a resposta para essa dúvida veio logo em seguida. Purple Haze foi o cartão de visita Hendrixiano. Executada com maestria por toda a banda, a música levou o público à loucura e o músico foi ovacionado ao fim da performance. O cara é realmente um show man.

Em seguida emendou May This Be Love (outra canção do Hendrix) e emocionou o público. Após o fim da música, Eric informou à plateia que ainda tinha 17 discos disponíveis para venda e que após o show estaria disponível para autógrafos, fotos e, pelo menos, um simples aperto de mãos.

Mas o show não havia acabado ainda, então a próxima canção contou com a participação maciça do público e mostrou a técnica de Fred Sunwalk solando brilhantemente sua guitarra.

Após o término da canção, Eric apresentou um amigo e disse que ele foi um dos responsáveis por sua apresentação. Em seguida, iniciou uma série de improvisações que começaram com Beethoven, passando por Led Zeppelin, ACDC e chegando a uma imitação do som produzido por um Berimbau. Além disso, o ponto mais sensacional foi quando ele pegou uma garrafa de cerveja e usou como slide para a guitarra, demonstrando uma técnica absurda. Obviamente, ao término da canção, a plateia o aplaudiu de pé.

Hora de uma pequena pausa para repor as energias.

Poucos minutos depois todos retornaram e Mr. Gales e banda reproduziram o clássico Miss You dos Rolling Stones, seguida da gospel Amazing Grace que foi extendida numa jam impressionante que contou, mais uma vez, com a interação de Eric com o público. Aos poucos os membros da banda deixaram o palco, sobrando apenas a estrela da noite.
Após duas horas e meia de apresentação, Eric Gales chamou seus parceiros de banda para o palco, para agradecerem ao público e serem ovacionados com toda a justiça.

FICHA TÉCNICA

Data: 28 de Agosto de 2014
Realização: Gillan’s Inn English Rock Pub

Local: Gillan’s Inn English Rock Pub, São Paulo/SP

Cartaz / Imagem: Divulgação