quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O Angra marcou o início de sua “Nova Era” em São Paulo

Angra
O último show da banda na turnê de comemoração dos 20 anos de lançamento do álbum Angels Cry teve atraso, muita irreverência, participação do público e a première de seu novo single.


A noite de domingo do dia 16 de novembro de 2014 foi inesquecível para os fãs do Angra. A Angels Cry 20th Anniversary Tour chegava a seu fim e abria espaço para a nova fase da banda, ratificada pelo lançamento do disco Secret Garden, seu novo trabalho que conta com a participação do vocalista Fabio Lione (que fez a turnê com o grupo).

A banda Dreadnox foi responsável pela abertura do evento. Com um repertório formado por covers e músicas próprias, o grupo agitou a galera que já estava na casa e recebeu os que ainda chegavam. Um bom destaque é o vocalista que, assim como a parte instrumental, é muito bom. A versatilidade na voz é uma boa característica do músico.


Bem, após o término do a apresentação da banda, as atenções foram voltadas para a atração principal. O show estava marcado para se iniciar às 21:00, mas atrasou 40 minutos. Durante este tempo a expectativa da plateia só aumentava, pois a cada movimento da cortina que escondia o palco, a cada barulho dos instrumentos e a cada passagem de membros da equipe pelo palco, a vontade de ver a banda só aumentava, assim como o público que continuava chegando. Nesse meio tempo, rolava Marillion no som, o que pode ter ajudado o tempo a passar mais rápido, já que a canção Ocean Cloud foi a primeira a tocar e entreteve a galera por mais de vinte minutos.


Os gritos de “Olê! Olê! Olê! Angra! Angra!” eram frequentes e mostravam o quanto o público queria ver o ícone do metal brasileiro.


Às 21:40 a intro começa a rolar, as cortinas foram abertas e o público foi recepcionado pelo baterista Bruno Valverde que, de pé, saudou a galera levando-os ao delírio. A banda entrou e iniciou a música Angels Cry, com direito à plateia cantando a introdução e pulando junto com o guitarrista Rafael Bittencourt.


Fabio foi o último a entrar no palco e se fez presente. Dono de uma bela voz de barítono, o vocalista faz o possível para atingir os “superagudos” exigidos pelas canções da banda, mas é notável que eles não se encaixam em sua extensão vocal. Mesmo assim, a vitalidade e carisma do músico italiano fazem dele um show a parte.

Mas a banda se mostrou bastante entrosada e a dupla de guitarristas, além de bem sincronizada, interagiu bastante com o público, onde Kiko Loureiro agitou a galera antes do solo e Rafael ajoelhou na beira do palco e tocou com sua guitarra bem próxima das pessoas que estavam coladas no mesmo.

Após o fim da música Fabio agradeceu e iniciou uma breve conversa com o público utilizando um “portunhol” com sotaque italiano (tratado com muito bom humor por ele), onde disse que este era um show muito especial para todos, gritou “São Paulo!” pra levantar a galera e anunciou a próxima música.

Nothing To Say, do disco Holy Land (1996), foi executada. Todos os membros ficaram ao lado da bateria em diversos momentos da canção e troca de energia com o público era intensa. Além disso, a iluminação merece ser destacada.

Waiting Silence foi iniciada e Fabio puxou o coro de “Hey! Hey!” junto com a plateia. Esbanjando técnica, o baixista Felipe Andreoli e o guitarrista Kiko Loureiro roubaram a cena.

Ovacionada após o término da canção, a banda estava preparada para a próxima música quando Fabio disse para o público:

- Eu preciso de dois minutos, porque o show está muito forte.

Após isso, saiu correndo para o backstage e Rafael brincou dizendo que ele falou que estava de "pinto duro" e já voltava. Mas a verdade é que a calça do vocalista rasgou e ele saiu correndo para trocá-la. Com certeza, este foi o momento mais hilário da noite.

Make Believe foi iniciada e Rafael começou a cantá-la, mas não demorou muito e Fabio entrou novamente no palco e assumiu os vocais. O público participou bastante batendo palmas. Fabio foi até a beira do palco e começou a pegar nas mãos das pessoas e após o término da canção disse que eles iriam tocar música nova nesse show.

Running Alone foi executada com direito a “rodinha” na pista e uma participação fervorosa do público cantando junto (inclusive as partes instrumentais). Após toda essa troca de energia, foram ovacionados pelo público e Fabio interagiu com a plateia.

Lisbon veio em seguida e manteve o clima, com a galera cantando, pulando e batendo palmas. A iluminação também merece destaque. Ai seu término, Fabio agradeceu o publico com um grito e perguntou (mais uma vez com seu “portunhol”) se os garotos e garotas queriam mais. Anunciou que a próxima canção era do álbum Rebirth (2002) e que era sua favorita.

Acid Rain começou com seu coral poderoso ecoado pela plateia que foi ao delírio. Mais uma vez a iluminação estava ótima e nessa canção tivemos outra surpresa. De repente, Fabio desapareceu do palco e criou expectativa. Após alguns segundos, o vocalista apareceu nos camarotes do lado direito da casa e cantou junto com as pessoas que lá estavam.

Ao término da canção, obviamente, a banda foi ovacionada pelo público e começou a gritar o nome de Kiko. Fabio anunciou a próxima música que, desta vez, teve Rafael no comando dos vocais.

Metal Icarus foi executada e a pista continuou pegando fogo. Mais “rodinha” e agito da galera e a qualidade dos músicos ficou mais uma vez explícita. Após o término da canção, Fabio abraçou Rafael e anunciou a próxima música. Pareceu ter ocorrido algo e ele começou a falar que a banda teria de tocar esta música depois, mas antes de terminar, a intro de Carolina IV começou cheia de gingado e swing, onde a galera acompanhou com palmas. Aliás, o ritmo feito pela percussão é uma das características marcantes da canção, estando presente em diversas partes e tornando-a um bom exemplo da mistura do metal com as raízes brasileiras.

Nesta canção também ocorreram alguns desencontros. O primeiro foi de um dos membros da equipe, que colocou uma caneca percussiva ao lado do pedestal de Kiko antes da hora. Após um aviso do músico, a caneca foi retirada.

A sessão rítmica antes do solo também foi um show a parte, com Felipe mostrando seu virtuosismo no contrabaixo. Mas também teve um novo desencontro, onde o playback do piano foi iniciado antes de Kiko chegar ao instrumento. Mesmo assim, a empolgação da plateia não diminuiu e seguiu alta até o fim da canção.

Winds Of Destination foi a próxima e contou com Felipe cantando seu início. Desta vez, Kiko foi ao piano e não faltou sincronia entre ele o instrumento. Após o término da canção a banda foi aplaudida.

Chegou o momento de descanso para dos integrantes que tocam de pé. Bruno Valverde iniciou seu solo de bateria e mostrou toda sua técnica, interagindo com o público e fazendo firulas para entretê-los.

Após o solo veio seu descanso e Rafael foi para o palco fazer um número acústico. Para testar o violão ele puxou um repente e em seguida informou que era uma composição de Edu Falaschi (ex-vocalista do grupo) e agradeceu a todos que passaram pela banda.

Angra: Confira os bastidores da gravação do novo álbum Secret Garden 

A balada Bleeding Heart foi iniciada e o público o acompanhou durante toda a música. O músico foi ovacionado no fim da canção, agradeceu ao público e a banda voltou para o palco, com Fabio agitando a galera e anunciando a próxima música.
Gentle Change, do álbum Fireworks (1998), foi executada e contou com palmas do público acompanhando a canção. Ao seu término, aplausos para a banda. Angels And Demons, com sua bateria potente, foi executada em seguida e a banda descansou um pouco enquanto a plateia gritava “Carry On! Carry On!” e a faixa instrumental Deus Le Volt rolava introduzindo Spread Your Fire, segunda faixa do disco Rebirth (2002).


E como foi anunciado e todo mundo esperava, chegou o momento de ouvir a nova canção. A banda saiu do palco e no telão foi reproduzido o lyric video de Newborn Me, primeiro single de seu novo trabalho, o disco Secret Garden (2014).


A banda retornou ao palco e Fabio conversou um pouco com o público. Disse que essa é uma nova era para a banda, que é um renascimento e anunciou a canção Rebirth. Neste momento, Rafael começou a intro de Starway To Heaven do Led Zeppelin, pegando Fabio de surpresa. Mas os dois fizeram uma pequena jam, acompanhados do público e logo a música anunciada foi tocada.

O público acompanhou a introdução com palmas e um coro uníssono e cantou a canção junto com Fabio. A iluminação do palco merece destaque. Ao final, a banda foi ovacionada mais uma vez e saiu do palco.

A apresentação estava chegando em seu fim e um dos hinos, se não o principal hino da banda, ainda não tinha sido tocado. Então o público não se fez de rogado e começou a clamar por Carry On, música do disco aniversariante da noite, Angels Cry (1994).  

Quando a instrumental Unfinished Allegro começou a tocar, o público se animou e depois foi ao delírio quando a banda entrou no palco e começou a tocar Carry OnA pista toda começou a pular e todo mundo cantou junto com a banda. Essa canção tem alguns momentos muito agudos como outras composições da banda e eles não se encaixam na voz de Fabio. Mesmo assim, o frontman esbanjou presença de palco e energia, fazendo valer a pena o ingresso comprado.

Para fechar a noite e o ciclo de retomada da banda, nada melhor do que uma canção cujo título indica este novo período. Nova Era encerrou a apresentação e a Angels Cry 20th Anniversary Tour com chave-de-ouro, mostrando aos fãs e apreciadores do trabalho da banda que sua trajetória continuará, quem sabe por mais 20 anos...

FICHA TÉCNICA

Data: 16 de Novembro de 2014
Realização: Top Link Music
Local: Audio SP - São Paulo/SP

Set List

Angels Cry
Nothing To Say
Waiting Silence
Make Believe
Running Alone
Lisbon
Acid Rain
Metal Icarus
Carolina IV
Winds Of Destination
Solo de Bateria
Bleeding Heart
Gentle Change
Angels And Demons
Deus Le Volt!
Spread Your Fire
Newborn Me
Rebirth
Carry On

Nova Era

Cartaz / Imagem: Divulgação