quarta-feira, 13 de maio de 2015

Uganga: Opressor é porradaria da melhor qualidade

Uganga


O grupo mineiro apresenta no quarto álbum de estúdio o seu amadurecimento musical e suas mensagens cheias de conteúdo.




Opressor traz o melhor do trashcore. Foi gravado no estúdio Rocklab e produzido por Gustavo Vazquez (que também mixou) junto com a banda.

Sem mais delongas e indo direto ao ponto, como a banda faz muito bem, o disco é bem coeso e muito bem produzido. 


A arte ficou por conta de Beto Andrade e traz o “Opressor” em sua capa, já cheia de significado conforme disse o vocalista Manu “Joker”: - “A capa representa uma entidade imaginária, o Opressor. Podemos defini-lo como um espelho de nossas fraquezas. Ele é alimentado pelos vícios, pelos atrasos do ser humano. Na própria figura da entidade alguns desses elementos estão representados como a ganância, as drogas, o tráfico, as guerras, o sexo e etc.”.

Capa / Arte: Beto Andrade

Guerra é iniciada ao som de um sino e o disco é aberto. A intro foi tirada do filme nacional “Quase Dois Irmãos” de 2004. Já é um belo cartão de visita, mostrando bem o que acontece no Brasil atual e deixando claro a que a banda veio. A porrada começa. Baixo e bateria se apresentam, seguidos das guitarras e o vocal potente de Manu. O é solo vigoroso e carregado de wah-wah. O riff da música também é singular e a bateria conduz bem a proposta da canção.

“Vencer!
Antes mesmo de lutar
Saber se preparar"
Guerra - Uganga

O Campo vem em seguida e traz uma temática bem séria. A música é uma reflexão da visita que a banda fez a um campo de concentração durante sua turnê europeia de 2010. A variação de ritmos é bem feita e a letra forte ganha mais intensidade com vocal de Manu, tendo como ponto alto o gutural quando canta a palavra “números”.

"Nos corredores onde nomes eram números."
O Campo - Uganga

Veredas é a próxima, seguida da faixa-título. Opressor tem um riff marcante e um refrão cadenciado e a letra diz aquilo que já foi citado aqui anteriormente.


Moleque de Pedra é a sucessora e traz uma crítica a condição atual dos jovens que se envolvem com o crack. É algo que já tomou conta do Brasil infelizmente e quem é de São Paulo conhece bem a região central chamada de “cracolândia”, onde os usuários andavam realmente “feito zumbis” como diz a letra da canção. Essa é porrada do início ao fim e conta com a participação de Juarez “Tibanha” (Scourge) no segundo vocal gultural.



Casa é a próxima e traz uma reflexão sobre a vida na estrada, algo que os integrantes da banda sabem bem como é. Destaque vai para o solo muito bem colocado.



A vinheta L.F.T vem em seguida, acompanhada da pesada Modus Vivendi, mais cadenciada, mas que mantém o ótimo nível do disco. Seguindo o disco temos  as boas Nas Entranhas do Sol e Aos Pés da Grande Árvore e Noite.

A penúltima faixa, Who Are The True?, é um cover do Vulcano e segundo Manu, tem a cara do Uganga: - “A música tem muito a ver com nossa pegada que mistura o old school com o groove dos anos 90, e, é claro, tem uma letra bem legal. O metal sempre teve uns coxinhas de nariz em pé julgando todo mundo em nome do que é certo ou errado, do que é real ou falso e blá blá blá. Acho isso um grande papo furado cara!”. A canção conta com as participações de Murillo Leite (Genocídio) e Ralf Klein (Macbeth).

Para encerrar temos a intimista e intensa Guerreiro, selando o ótimo trabalho feito pela banda neste disco.


O Uganga veio com força total, mostrou a sua qualidade e produziu um lindo registro que mostra que o rock no Brasil está muito longe de sua morte e que no underground há grandes bandas muito melhores que várias apadrinhadas pelo mainstream.

FICHA TÉCNICA

Ano: 2014
Artista: Uganga
Álbum: Opressor
Músicos: Manu “Joker” (vocal), Christian Franco (guitarra), Thiago Soraggi (guitarra), Raphael “Ras” Franco (baixo e vocal) e Marco Henriques (bateria e vocal).  
Participações: Juarez “Tibanha” do Scourge (Segundo vocal gutural em “Moleque de Pedra”), Murillo Leite do Genocídio (Segundo solo em “Who Are The True?”), Ralf Klein do Macbeth (Terceiro solo em “Who Are The True?”), Gustavo Vazquez (Teclado em “Guerreiro” e “O Campo”) Vouglas “Eremita” e Gustavo Vazquez (Samplers e Beats).  

Track list
01 Guerra
02 O Campo
03 Veredas
04 Opressor
05 Moleque de Pedra
06 Casa
07 L.F.T
08 Modus Vivendi
09 Nas Entranhas do Sol
10 Aos Pés da Grande Árvore
11 Noite
12 Who Are The True?

13 Guerreiro

Dossiê do Rock: Revelando o passado. Incentivando o futuro.