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Uganga |
O grupo mineiro apresenta no quarto álbum de estúdio o
seu amadurecimento musical e suas mensagens cheias de conteúdo.
Opressor traz o melhor do trashcore. Foi gravado no estúdio
Rocklab e produzido por Gustavo Vazquez (que também mixou) junto com a banda.
Sem mais delongas e indo direto ao ponto, como a banda
faz muito bem, o disco é bem coeso e muito bem produzido.
A arte ficou por
conta de Beto Andrade e traz o “Opressor” em sua capa, já cheia de significado
conforme disse o vocalista Manu “Joker”: -
“A capa representa uma entidade imaginária, o Opressor. Podemos defini-lo como
um espelho de nossas fraquezas. Ele é alimentado pelos vícios, pelos atrasos do
ser humano. Na própria figura da entidade alguns desses elementos estão
representados como a ganância, as drogas, o tráfico, as guerras, o sexo e etc.”.
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Capa / Arte: Beto Andrade |
Guerra é
iniciada ao som de um sino e o disco é aberto. A intro foi tirada do filme nacional “Quase Dois Irmãos” de 2004. Já é um belo cartão de visita, mostrando bem o que acontece no
Brasil atual e deixando claro a que a banda veio. A porrada começa. Baixo e
bateria se apresentam, seguidos das guitarras e o vocal potente de Manu. O é solo
vigoroso e carregado de wah-wah. O riff da música também é singular e a bateria
conduz bem a proposta da canção.
“Vencer!
Antes
mesmo de lutar
Saber
se preparar"
Guerra
- Uganga
O Campo vem
em seguida e traz uma temática bem séria. A música é uma reflexão da visita que
a banda fez a um campo de concentração durante sua turnê europeia de 2010. A
variação de ritmos é bem feita e a letra forte ganha mais intensidade com vocal
de Manu, tendo como ponto alto o gutural quando canta a palavra “números”.
"Nos
corredores onde nomes eram números."
O
Campo - Uganga
Veredas é a
próxima, seguida da faixa-título. Opressor
tem um riff marcante e um refrão cadenciado e a letra diz aquilo que já foi
citado aqui anteriormente.
Moleque
de Pedra é a sucessora e traz uma crítica a condição atual dos
jovens que se envolvem com o crack. É algo que já tomou conta do Brasil infelizmente
e quem é de São Paulo conhece bem a região central chamada de “cracolândia”,
onde os usuários andavam realmente “feito zumbis” como diz a letra da canção. Essa
é porrada do início ao fim e conta com a participação de Juarez “Tibanha”
(Scourge) no segundo vocal gultural.
"Opressor", do Uganga, é eleito "Melhor Álbum de 2014" e banda anuncia show com Coroner em São Paulo
Casa é a
próxima e traz uma reflexão sobre a vida na estrada, algo que os integrantes da
banda sabem bem como é. Destaque vai para o solo muito bem colocado.
A vinheta L.F.T vem
em seguida, acompanhada da pesada Modus
Vivendi, mais cadenciada, mas que mantém o ótimo nível do disco. Seguindo o
disco temos as boas Nas Entranhas do Sol e Aos
Pés da Grande Árvore e Noite.
A penúltima faixa, Who Are The True?, é um cover do
Vulcano e segundo Manu, tem a cara do Uganga: - “A música tem muito a ver com nossa pegada que mistura o old school com
o groove dos anos 90, e, é claro, tem uma letra bem legal. O metal sempre teve
uns coxinhas de nariz em pé julgando todo mundo em nome do que é certo ou
errado, do que é real ou falso e blá blá blá. Acho isso um grande papo furado
cara!”. A canção conta com as participações de Murillo Leite (Genocídio) e
Ralf Klein (Macbeth).
Para encerrar temos a intimista e intensa Guerreiro, selando o ótimo trabalho
feito pela banda neste disco.
O Uganga veio com força total, mostrou a sua qualidade e
produziu um lindo registro que mostra que o rock no Brasil está muito longe de
sua morte e que no underground há grandes bandas muito melhores que várias
apadrinhadas pelo mainstream.
FICHA
TÉCNICA
Ano:
2014
Artista: Uganga
Álbum: Opressor
Músicos: Manu
“Joker” (vocal), Christian Franco (guitarra), Thiago Soraggi (guitarra),
Raphael “Ras” Franco (baixo e vocal) e Marco Henriques (bateria e vocal).
Participações: Juarez
“Tibanha” do Scourge (Segundo vocal gutural em “Moleque de Pedra”), Murillo
Leite do Genocídio (Segundo solo em “Who Are The True?”), Ralf Klein do Macbeth
(Terceiro solo em “Who Are The True?”), Gustavo Vazquez (Teclado em “Guerreiro”
e “O Campo”) Vouglas “Eremita” e Gustavo Vazquez (Samplers e Beats).
Track list
01 Guerra
02 O Campo
03 Veredas
04 Opressor
05 Moleque de Pedra
06 Casa
07 L.F.T
08 Modus Vivendi
09 Nas Entranhas do Sol
10 Aos Pés da Grande Árvore
11 Noite
12 Who Are The True?
13 Guerreiro
Dossiê do Rock: Revelando o passado. Incentivando o futuro.