segunda-feira, 29 de junho de 2015

Esdras: “Já tocamos pra ninguém na chuva” - Diz Cadio Michelsen



A banda sorocabana de metalcore nos concedeu uma entrevista bem legal.




Formado em 2010, o grupo reúne esteticamente diversos elementos, sendo os mais característicos a paixão pelo skate e pelas tatuagens.

Lançaram o EP Mais Próximo do Fim no ano passado e o baixista e membro fundador Cadio Michelsen gentilmente conversou conosco.

Leia a entrevista abaixo: 

01) Fico muito feliz por entrevistá-lo. Conte um pouco sobre a formação da banda (quando se juntaram, formação de repertório, entre outros).

Cádio Michelsen - A ideia da banda já existia uns anos antes do início realmente. Amigos com vontade de fazer um som juntos, esse é o princípio e se concretizou no início de 2010. De lá pra cá, a bateria foi onde teve maiores mudanças até a chegada do Conrado. O repertório atual foi sendo construído entre 2010 e 2013 e entre muitas adversidades. Chegamos a ficar um ano sem baterista, só compondo e trabalhando nos arranjos até poder estrear no palco em 2012.




02) Quais são suas principais influências?

Cádio – Vem de todo lado e de várias épocas. Black Sabbath, Pantera, Suicidal Tendencies, Metallica, Megadeth, Slayer, Rage Against The Machine, passando ainda por hardcore como Madball, LionHeart, Hatebreed, Comeback Kid até bandas mais novas, mas nem tão novas assim, tipo Parkway Drive, Obey The Brave e a que acho que é unanimidade na banda, As I LayDying. Mas tem muita coisa.

03) Fale um pouco sobre o processo de composição de “Mais Próximo do Fim”. Houve alguma canção que deu mais trabalho para ficar pronta?

Cádio – Nas composições têm alguns riffs que o Kenji e o Tiago já trabalhavam antes mesmo da banda se formar, que eles tinham no repertório deles e muitos foram sendo criados quando estávamos sem o batera. Íamos fazendo os arranjos das cordas e a bateria encaixava depois. Ao mesmo tempo o Tique colocava as letras que ele já tinha e outras eram criadas em cima do que fazemos.

Não teve uma que foi mais difícil não, a diferença é que umas ficavam prontas em 10 minutos, era quase automático, e outras levavam alguns dias para a ideia se formar e a música ficar completa. Muitos riffs e melodias eram melhorados nos ensaios também, então fazemos uma estrutura e nela vamos colocando os arranjos até tudo ficar coeso. Nesse processo muita coisa que uma hora está legal, na sequência não está mais, aí sai fora, mas fica guardado, não quer dizer que saiu porque é ruim, saiu porque não encaixava mais naquela ideia específica, mas pode ser usada em outra composição nova.

Capa do EP


04) Fale um pouco sobre como foi concebida a arte da capa do disco?


Cádio – A capa é uma bomba, mais especificamente a bomba Tsar. É a maior bomba já construída e achamos que casava bem com a ideia de que hoje tudo é tão exagerado, as pessoas e seus exageros que estão talvez levando a humanidade para um lugar sem volta. Casa com o nome do disco também que se refere às temáticas das letras.



05) Como foi trabalhar com o Tiago Hospede?

Cádio - Foi bom. A gente queria gravar com alguém que entendesse o som da banda. O Hospede tem outras bandas de metal e hardcore e sabe do assunto. Deu uns toques no que podia melhorar e aí fez o trampo todo de captação, mixagem e masterização do disco.

06) Entre ensaios e shows sempre acontece algo. Há alguma história inusitada que podem contar para nós?

Cádio – Ah, em um ano gravando o disco é impossível não acontecer uns perrengues. Já começa por aí, o tempo que levamos para gravar o disco. No meio do processo trocamos o baterista e teve que ser regravado tudo. Teve carro quebrado na estrada na madrugada na volta, teve todo mundo dormindo em banco de posto de gasolina, já teve uns buracos que fomos tocar que não dava pra acreditar que aquilo estava acontecendo. Já tocamos pra ninguém na chuva, com lama e pra quem não estava a fim de ver e ouvir a gente tocando também. Mendigo bêbado também, sempre tem, e ficam na frente curtindo o som e já teve uns que quiseram tocar junto (risos). Os caras ficam na deles enquanto outras bandas estão tocando, mas é só a gente começar os caras acordam, aí já era, quando vê estão no bate cabeça também (risos).

07) Como foi para vocês tocar ao lado do Cavalera Conspiracy?

Cádio – Ah, foi foda! Os caras são lendas. Eu via os caras desde sempre e eles são respeitados mundialmente. Puta experiência poder tocar no mesmo palco que eles.

08) Novidades sobre o lançamento do primeiro disco completo?

Cádio – O disco ainda está longe, mas nem tanto. Estamos compondo pensando nele. Provavelmente terá algumas do repertório atual, mas não entraram no EP, mas muitas inéditas com certeza. Estamos trabalhando pra isso e não vou dar data, mas a ideia é entrar em estúdio no segundo semestre para estar com o play pronto em breve.

09) Deixem um recado para os fãs.

Cádio – Só queremos agradecer a eles que estão sempre incentivando a a banda e indo nos roles que tocamos. Estamos fazendo um disco oficial porque eles fizeram a gente acreditar que podemos fazer um bom trabalho. O disco é pra eles e pra marcar a banda pra sempre. Muito obrigado!

10) Muito obrigado pela entrevista e agora é a sua vez. Perguntem-me o que quiserem!

Cádio – Qual a música que você mais curtiu do nosso EP? 

Aproveito para convida-lo para nos assistir na próxima vez que a gente tocar. Você será bem vindo e, caso beba, tomaremos umas cervejas. Nós que agradecemos! Valeu!

Bruno: Cara, eu curti bastante Maria da Penha pela temática e, principalmente, o instrumental. Vocês conseguiram expressar nas notas a intensidade e complexidade que envolve a questão. Considero-a bem emotiva, pois é bem densa.

Com toda a violência que as mulheres já sofreram e ainda sofrem na nossa sociedade doente extremamente patriarcal, protestos como esse, vindos de uma banda formada por homens, é uma atitude louvável. A questão é importante e infelizmente ainda faz parte do dia a dia de muitas mulheres. Vocês conseguiram utilizar a sua arte como meio para dar voz às vítimas dessa covardia.

E com certeza, assim que possível irei assisti-los e faremos um brinde ao sucesso da banda!

Confira mais sobre o trabalho da banda nos links abaixo:


Dossiê do Rock: Revelando o passado. Incentivando o futuro.