Por Bruno Sawyer
A banda goiana em seu pouco
tempo de estrada já colecionada dois registros e muita história para contar.
Ser uma banda só de mulheres
não é para qualquer um e as meninas da Girlie Hell mostram que tem força,
conteúdo e identidade forte para enfrentar todos os problemas que os músicos
enfrentam no Brasil e o machismo.
A vocalista Bullas Attekita
nos concedeu gentilmente uma bela entrevista.
01)
É uma honra poder entrevistá-la. Conte-nos um pouco sobre os primórdios da
banda. Como o grupo se formou, primeiras apresentações, criação de repertório,
entre outras coisas...
Bullas
Attekita: Primeiramente agradecemos demais o espaço, é sempre
muito bom poder divulgar e falar sobre o nosso trabalho. A Girlie Hell já tem
algum tempo de estrada, esse ano vamos completar sete anos de carreira e muita
coisa aconteceu nesse período. A ideia inicial era reunir as amigas e se
divertir fazendo um som.
Como todas da banda tinham
influência forte de bandas femininas, esse caminho foi bem natural, assim como
a escolha de cantar em inglês. No início as composições pendiam mais para o Hard Rock, mas o som foi se
transformando de acordo com mudanças na formação e o amadurecimento das
integrantes, até chegarmos à sonoridade atual que se aproxima mais do Metal.
Tocávamos em festivais
locais e pequenos eventos. Como a maioria das integrantes tinham vindo de
outros projetos musicais e
já eram experientes, a inserção da Girlie Hell no circuito independente nacional foi
algo bem rápido. No mesmo ano que lançamos nosso primeiro CD, já participamos
do Porão do Rock e
abrimos a tour para a banda sueca Crucified Barbara. Nossa prioridade sempre
foi fazer um som autoral com uma identidade própria. Fazemos tudo sempre com
muito cuidado, tentando passar algo verdadeiro através das nossas composições.
02)
Quais são suas principais influências?
Bullas: As
nossas referências são diversas. Cada uma de nós tem gostos bem
diferentes e o bacana é que estamos sempre levando isso pra banda de alguma
forma. Costumo dizer que a Girlie
Hell não é uma banda de um estilo só, estamos sempre em
movimento e sempre em evolução. Atualmente estamos escutando bastante Deftones,
Kittie, Mastodon e L7.
03)
Seu compacto “Hit And Run” é muito bem trabalhado e traz a banda numa pegada mais pesada.
Como foi o processo de criação de “Gunpowder” e “Till The End”?
Bullas: O
“Hit and Run” é nitidamente uma fase de transição em que nos permitirmos
experimentar. A banda se encontra em um momento mais denso, que na verdade
reflete muito da experiência de cada uma individualmente. Nós amadurecemos,
nossas referências musicais mudaram e encaramos isso de forma bem natural. Foi
um trabalho que fizemos com muito cuidado e foi muito positivo ver como a Girlie Hell cresceu ,
se abrindo para essas novas possibilidades.
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Capa / Arte: Wildner Lima |
04)
Como foi trabalhar com Heros Trench e Marcello Pompeu do Korzus?
Bullas: Foi
uma das melhores experiências da banda. Sair da nossa zona de conforto e poder
trabalhar com pessoas tão respeitadas e competentes mudou a nossa visão sobre o
nosso som. É com certeza uma parceria que pretendemos levar adiante para novos
lançamentos.
05)
A arte de “Hit
And Run” é muito bem feita. Fale um pouco sobre ela.
Bullas: Confesso
que somos apaixonadas pela parte visual do compacto. Colocamos a
responsabilidade nas mãos do ilustrador Wildner Lima e o resultado nos
surpreendeu. O processo de criação foi muito tranquilo, ele conseguiu captar
nossa ideia de forma muito eficiente. Cuidamos de tudo com tanto carinho e foi
muito bom ver isso sendo ilustrado em cada mínimo detalhe. Já estamos inclusive
com outro trabalho em andamento.
06)
Na era digital, onde a venda de discos caiu drasticamente, vocês lançaram um
compacto de 7” .
Por que a escolha deste formato?
Bullas: Lançar
um vinil sempre foi um sonho. Quando idealizamos o compacto pensamos muito mais
nessa realização pessoal do que em trâmites comerciais. O trabalho está sendo
distribuído digitalmente também, mas ao contrário do que os indicadores mostram,
ainda temos uma procura considerável de pessoas querendo adquirir a cópia
física. Escutar um vinil é quase um ritual, é uma experiência sensorial muito
diferente de apertar o
play em um arquivo digital. Sabemos que a nova geração não se
apega muito a esses formatos, mas é muito bom poder proporcionar essa
experiência pros nossos fãs colecionadores.
07)
O número de bandas de rock
formadas apenas por mulheres aumentou nos últimos 40 anos, mas ainda assim, a
presença masculina no estilo é forte. Vocês sofreram/sofrem preconceito? Tem
algum caso para relatar?
Bullas: Estaríamos
mentindo se disséssemos que a banda não enfrentou nenhum tipo de preconceito,
mas acho que esta questão aparece de forma muito mais complexa do que se pensa.
O fato é que montar uma banda feminina já é um trabalho árduo só para encontrar
integrantes. Cada uma da banda
tem uma história de luta muito particular e o fato do meio
ainda ser muito machista dificulta na formação de mulheres musicistas. O
preconceito está presente desde a família que não apoia a filha a estudar
bateria porque é instrumento de “homem”, até certos tipos específicos de
público que depreciam ou rotulam o trabalho de um artista apenas pelo seu
gênero. De fato as coisas têm melhorado aos poucos, mas ainda existem muitas
barreiras a serem rompidas. Nosso sonho é que o nosso som inspire de alguma
forma outras meninas a montarem bandas e começarem a tocar.
08)
A banda fez uma pequena turnê com o Crucified Barbara em 2012, como foi essa
experiência?
Bullas: Crucified
Barbara foi uma das referências presentes na composição do nosso primeiro CD, o
“Get Hard!”, e poder dividir o
palco com elas foi uma experiência ímpar. A tour trouxe uma
visibilidade muito boa pra banda, muitas pessoas conheceram a Girlie Hell a partir
desses shows e foi
um passo muito importante na nossa carreira.
09)
Deixe um recado para os fãs.
Bullas: Muito
obrigado pela atenção de vocês, espero que tenham curtido e entrevista. Estamos
com muitas novidades então sigam a banda nas redes sociais para saber tudo que
vai rolar!
10)
Muito obrigado pela entrevista. Como tradição no Dossiê do Rock, agora é a vez
de você. Pode me perguntar o que quiser!
Bullas: Novamente
agradecemos o espaço, adoramos trocar essa ideia com o Dossiê do Rock. Já que o
assunto está meio no universo feminino, diz aí alguma banda feminina ou artista
que você tem ouvido
atualmente. Tem algo novo por aí que a gente possa ficar de olho? Muito
obrigada!
Bruno: Eu
que tenho a agradecer pela atenção e profissionalismo. Além da Girlie Hell (O
Hit And Run não sai da playlist), uma artista que ouço bastante é a Stevie
Nicks e gosto bastante do Heart, onde as irmãs Wilson são realmente o coração
da banda.
De novo tem um menina que eu entrevistei até, chamada
Samara Noronha. O trabalho dela é interessante, acho que vale a pena dar uma
ouvida.
Confira mais sobre o trabalho da Girlie Hell nos links abaixo:
www.girliehell.com
www.twitter.com/girliehell
www.facebook.com/girliehell
www.instagram.com/girliehell
www.soundcloud.com/girliehell
www.youtube.com/GirlieHellBand
Dossiê do Rock: Revelando o passado. Incentivando o
futuro.