terça-feira, 2 de junho de 2015

Girlie Hell: “Montar uma banda feminina já é um trabalho árduo só para encontrar integrantes” - Diz Bullas Attekita



Por Bruno Sawyer

A banda goiana em seu pouco tempo de estrada já colecionada dois registros e muita história para contar.




Ser uma banda só de mulheres não é para qualquer um e as meninas da Girlie Hell mostram que tem força, conteúdo e identidade forte para enfrentar todos os problemas que os músicos enfrentam no Brasil e o machismo.




A vocalista Bullas Attekita nos concedeu gentilmente uma bela entrevista.

01) É uma honra poder entrevistá-la. Conte-nos um pouco sobre os primórdios da banda. Como o grupo se formou, primeiras apresentações, criação de repertório, entre outras coisas...

Bullas Attekita: Primeiramente agradecemos demais o espaço, é sempre muito bom poder divulgar e falar sobre o nosso trabalho. A Girlie Hell já tem algum tempo de estrada, esse ano vamos completar sete anos de carreira e muita coisa aconteceu nesse período. A ideia inicial era reunir as amigas e se divertir fazendo um som.

Como todas da banda tinham influência forte de bandas femininas, esse caminho foi bem natural, assim como a escolha de cantar em inglês. No início as composições pendiam mais para o Hard Rock, mas o som foi se transformando de acordo com mudanças na formação e o amadurecimento das integrantes, até chegarmos à sonoridade atual que se aproxima mais do Metal.

Tocávamos em festivais locais e pequenos eventos. Como a maioria das integrantes tinham vindo de outros projetos musicais e já eram experientes, a inserção da Girlie Hell no circuito independente nacional foi algo bem rápido. No mesmo ano que lançamos nosso primeiro CD, já participamos do Porão do Rock e abrimos a tour para a banda sueca Crucified Barbara. Nossa prioridade sempre foi fazer um som autoral com uma identidade própria. Fazemos tudo sempre com muito cuidado, tentando passar algo verdadeiro através das nossas composições.

02) Quais são suas principais influências?

Bullas: As nossas referências são diversas. Cada uma de nós tem gostos bem diferentes e o bacana é que estamos sempre levando isso pra banda de alguma forma. Costumo dizer que a Girlie Hell não é uma banda de um estilo só, estamos sempre em movimento e sempre em evolução. Atualmente estamos escutando bastante Deftones, Kittie, Mastodon e L7.


03) Seu compacto “Hit And Run” é muito bem trabalhado e traz a banda numa pegada mais pesada. Como foi o processo de criação de “Gunpowder” e “Till The End”?

Bullas: O “Hit and Run” é nitidamente uma fase de transição em que nos permitirmos experimentar. A banda se encontra em um momento mais denso, que na verdade reflete muito da experiência de cada uma individualmente. Nós amadurecemos, nossas referências musicais mudaram e encaramos isso de forma bem natural. Foi um trabalho que fizemos com muito cuidado e foi muito positivo ver como a Girlie Hell cresceu, se abrindo para essas novas possibilidades.

Capa / Arte: Wildner Lima


04) Como foi trabalhar com Heros Trench e Marcello Pompeu do Korzus? 

Bullas: Foi uma das melhores experiências da banda. Sair da nossa zona de conforto e poder trabalhar com pessoas tão respeitadas e competentes mudou a nossa visão sobre o nosso som. É com certeza uma parceria que pretendemos levar adiante para novos lançamentos.


05) A arte de “Hit And Run” é muito bem feita. Fale um pouco sobre ela. 


Bullas: Confesso que somos apaixonadas pela parte visual do compacto. Colocamos a responsabilidade nas mãos do ilustrador Wildner Lima e o resultado nos surpreendeu. O processo de criação foi muito tranquilo, ele conseguiu captar nossa ideia de forma muito eficiente. Cuidamos de tudo com tanto carinho e foi muito bom ver isso sendo ilustrado em cada mínimo detalhe. Já estamos inclusive com outro trabalho em andamento.



06) Na era digital, onde a venda de discos caiu drasticamente, vocês lançaram um compacto de 7”. Por que a escolha deste formato?

Bullas: Lançar um vinil sempre foi um sonho. Quando idealizamos o compacto pensamos muito mais nessa realização pessoal do que em trâmites comerciais. O trabalho está sendo distribuído digitalmente também, mas ao contrário do que os indicadores mostram, ainda temos uma procura considerável de pessoas querendo adquirir a cópia física. Escutar um vinil é quase um ritual, é uma experiência sensorial muito diferente de apertar o play em um arquivo digital. Sabemos que a nova geração não se apega muito a esses formatos, mas é muito bom poder proporcionar essa experiência pros nossos fãs colecionadores.


07) O número de bandas de rock formadas apenas por mulheres aumentou nos últimos 40 anos, mas ainda assim, a presença masculina no estilo é forte. Vocês sofreram/sofrem preconceito? Tem algum caso para relatar?

Bullas: Estaríamos mentindo se disséssemos que a banda não enfrentou nenhum tipo de preconceito, mas acho que esta questão aparece de forma muito mais complexa do que se pensa. O fato é que montar uma banda feminina já é um trabalho árduo só para encontrar integrantes. Cada uma da banda tem uma história de luta muito particular e o fato do meio ainda ser muito machista dificulta na formação de mulheres musicistas. O preconceito está presente desde a família que não apoia a filha a estudar bateria porque é instrumento de “homem”, até certos tipos específicos de público que depreciam ou rotulam o trabalho de um artista apenas pelo seu gênero. De fato as coisas têm melhorado aos poucos, mas ainda existem muitas barreiras a serem rompidas. Nosso sonho é que o nosso som inspire de alguma forma outras meninas a montarem bandas e começarem a tocar.

08) A banda fez uma pequena turnê com o Crucified Barbara em 2012, como foi essa experiência?

Bullas: Crucified Barbara foi uma das referências presentes na composição do nosso primeiro CD, o “Get Hard!”, e poder dividir o palco com elas foi uma experiência ímpar. A tour trouxe uma visibilidade muito boa pra banda, muitas pessoas conheceram a Girlie Hell a partir desses shows e foi um passo muito importante na nossa carreira.

09) Deixe um recado para os fãs.

Bullas: Muito obrigado pela atenção de vocês, espero que tenham curtido e entrevista. Estamos com muitas novidades então sigam a banda nas redes sociais para saber tudo que vai rolar!

10) Muito obrigado pela entrevista. Como tradição no Dossiê do Rock, agora é a vez de você. Pode me perguntar o que quiser!

Bullas: Novamente agradecemos o espaço, adoramos trocar essa ideia com o Dossiê do Rock. Já que o assunto está meio no universo feminino, diz aí alguma banda feminina ou artista que você tem ouvido atualmente. Tem algo novo por aí que a gente possa ficar de olho? Muito obrigada!

Bruno: Eu que tenho a agradecer pela atenção e profissionalismo. Além da Girlie Hell (O Hit And Run não sai da playlist), uma artista que ouço bastante é a Stevie Nicks e gosto bastante do Heart, onde as irmãs Wilson são realmente o coração da banda.

De novo tem um menina que eu entrevistei até, chamada Samara Noronha. O trabalho dela é interessante, acho que vale a pena dar uma ouvida. 


Confira mais sobre o trabalho da Girlie Hell nos links abaixo:
www.girliehell.com
www.twitter.com/girliehell
www.facebook.com/girliehell
www.instagram.com/girliehell
www.soundcloud.com/girliehell
www.youtube.com/GirlieHellBand



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