domingo, 28 de junho de 2015

Higher: “Acreditamos que tornar-se melhor a cada dia é a grande razão de estar vivo”

Higher / Foto: Janaina Soares

A banda paulista estreou no cenário do metal nacional com seu disco homônimo no ano passado e, desde então, segue trabalhando em sua divulgação.



Formada por músicos de alto calibre, a banda traz bastante versatilidade em suas composições.
Confira abaixo a entrevista gentilmente cedida por um dos fundadores, o guitarrista Gustavo Scaranelo:
É um prazer entrevistá-lo. Como e quando a banda foi formada?

Gustavo Scaranelo - O Higher foi formado a partir da intenção de registrar o material produzido em um projeto anterior, de quase 20 anos atrás, chamado Second Heaven. Quando nos demos conta, esses registros haviam inaugurado algo novo, o Higher estava nascendo. Foi questão de tempo para compor o restante do material que faria parte nosso primeiro disco, que foi lançado no segundo semestre de 2014.

Quais são suas principais influências?

Gustavo - Eu, particularmente, tenho muitas. Além de metal, ouço muito jazz, música brasileira e música erudita. Não saberia citar poucos nomes (risos), acredito que tudo o que ouço me influencia, de certa forma. Às vezes ouço algo que não tem relação alguma com o som do Higher, mas aproveito o clima, ou sensação que aquela música traz, e isso muitas vezes é um argumento interessante no processo criativo. Acho que nada passa despercebido quando você tem algum envolvimento com o material ao qual você se expõe, mais cedo ou mais tarde alguma ideia irá brotar daquilo. Mas falando de metal, ouvi muito metal alemão quando era adolescente, isso me influenciou bastante, e hoje tenho ouvido bandas mais pesadas, mais agressivas, Gojira, Carcass e Decapitated são algumas das bandas que eu tenho ouvido ultimamente.




Conte um pouco sobre a composição do seu disco de estreia, Higher (2014). Houve alguma canção que deu mais trabalho para ser finalizada?

Gustavo - Acredito que não, tivemos o mesmo zelo e a mesma naturalidade em todas. Algumas letras levam mais tempo que outras, mas mesmo essas foram escritas com muita naturalidade. Pensamos num trabalho bastante direto, objetivo, e, apesar de alguns trechos mais complexos, acho que o trabalho soa dessa forma. Em resumo, foi um disco feito com o material que nos agradava, músicas que ouvíamos sempre, depois de gravadas, e isso nos ajudou a entender o que faria parte do disco ou não.   

Como foi trabalhar com o Thiago Bianchi?

Gustavo - Foi divertido (risos). Levamos o disco praticamente pronto, queríamos uma sonoridade forte e agressiva, e acredito que isso aconteceu. Aprendi muito nesse período do trabalho, e ganhamos um amigo, com certeza. Isso foi uma surpresa na verdade, estávamos tão focados na produção do disco que quando nos demos conta  tínhamos uma relação que não era estritamente profissional, e claro, isso ajudou muito na conclusão do trabalho. Sou muito grato ao Thiago por tudo que ele fez até agora por esse projeto.

Qual é o conceito por trás da arte do álbum?


Gustavo - O nome Higher refere-se a uma condição humana mais elevada. Quando decidimos seguir com um novo projeto, definimos que esse seria o conceito, afinal, acreditamos que tornar-se melhor a cada dia é a grande razão de estar vivo. A capa mostra uma pessoa rasgando seu peito e mostrando seu coração. No caso, o coração é o símbolo da banda e ele representa nosso trabalho, através do qual estamos nos expondo, musical e ideologicamente. O CD tem a imagem desse personagem rasgando o peito, e a base, onde disco é encaixado, tem a mesma imagem, mas sem o personagem, que é retirado com o disco, representando nossa música e nossas ideias, que é o que vai para o CD player. 



Para os shows de promoção do disco, a banda “recrutou” o Felipe Martins de apenas 16 anos para integrar sua formação. A diferença de idade acrescenta algo ao grupo?

Gustavo - Acredito que sim. Ele nos faz lembrar a nossa adolescência, nosso primeiro projeto, todas as ilusões e entusiasmos daquela fase, e isso nos devolve um pouco dessa energia. Ele é um músico muito competente e sério, apesar de tão jovem, é uma soma ao grupo. Todos nos cobramos por igual na banda, é claro que ele tem muito a aprender com a gente, em função da diferença de idade e experiência, mas também aprendemos com ele.  

Capa / Arte: Carlos Fides


Como você vê a cena atual do metal no Brasil?

Gustavo - Não é a melhor do mundo (risos). Mas precisamos ser otimistas, afinal somos todos responsáveis pela cena: músicos, fãs, produtores, imprensa. Cabe a nós todos uma parcela de contribuição, não podemos só nos queixar do que está ruim e usufruir do que está bom. Acho importante um maior espaço para as bandas autorais, são o futuro do gênero e precisam de oportunidade para mostrar seus trabalhos. Maior seriedade por parte de todos os segmentos seria bem-vindo também, o respeito pelo metal começa por nós mesmos, e no Brasil observa-se com alguma frequência um certo desleixo, falta de profissionalismo na área, e isso, às vezes, não custa dinheiro algum, é só uma questão de postura e capricho com a música e com a cena. Mas como disse, sou otimista e acredito que com algum empenho a cena pode melhorar bastante, basta fazer as coisas com primor, seja seu disco, seu evento, sua matéria ou sua participação na cena, seja qual for.

Deixe um recado para os fãs.

Gustavo - O nosso muito obrigado pelo carinho de vocês com o nosso trabalho, o Higher tem profundo respeito pelo fã brasileiro de metal, assim como pelas bandas brasileiras. Estamos abertos a interações, escrevam-nos. Em nosso site (www.higherband.com) estão todos os canais de contato, utilizem, inscrevam-se em nosso mailing list e recebam atualizações e material exclusivo. Sem vocês nosso trabalho não teria sentido, nosso muito obrigado.

Agora é a sua vez, pode me perguntar o que quiser!

Gustavo - Agradeço, primeiramente, a oportunidade de conversar sobre o projeto. Vamos lá, o Higher tem recebido críticas bastante generosas, e a grande maioria atribui originalidade ao nosso som, o que nos deixa extremamente lisonjeados. Você saberia citar algo em nosso som que carregue esse elemento, algo que atribua essa originalidade ao trabalho? Pergunto, pois eu mesmo não sei responder a esta pergunta (risos). Obrigado e um grande abraço!

Bruno: Eu que agradeço pela atenção que nos foi dada Gustavo e o que posso dizer é que a formação e repertório vasto de vocês tem culpa no cartório (risos). A variação de texturas e exploração de sonoridades diferentes é algo que acho bacana e deu pra perceber que vocês buscaram isso no seu disco de estreia.




Dossiê do Rock: Revelando o passado. Incentivando o futuro.