terça-feira, 2 de junho de 2015

Uganga: “A estrada é um território que deve ser respeitado” - Diz Manu “Joker”



Por Bruno Sawyer

A banda mineira com seus 20 anos de estrada tem ótimos registros musicais e boas histórias para contar.




A banda mineira com seus 20 anos de estrada tem ótimos registros musicais e boas histórias para contar.


O vocalista Manu “Joker” Henriques nos concedeu gentilmente uma entrevista onde conta um pouco sobre a trajetória da banda e sobre seu trabalho mais recente, o ótimo disco Opressor (2014).

Confira abaixo nosso bate-papo com ele:

01) É uma honra entrevistá-lo. O último lançamento da banda, Opressor (2014), é um álbum bem intenso. Como foi o processo de composição? Houve alguma canção que deu mais trabalho?

Manu: O processo foi bem tranqüilo, pois separamos um bom tempo para a pré-produção, maturar as músicas, equacionar as idéias,  etc. Algumas faixas ficam prontas mais rápido, tipo “Moleque De Pedra”, já outras como “O Campo”, demoram mais, mas no geral foi tudo bem tranquilo e tivemos tempo para cuidar de tudo para que ficasse do jeito que queríamos.

02) Como foi trabalhar com o Gustavo Vazquez?

Manu: Bem tranqüilo, cara. Já tínhamos trabalhado com ele antes no cover do Stress (que saiu no Tributo à banda e como bônus no álbum “Eurocaos – Ao Vivo” do Uganga lançado em 2013). O Rocklab é um estúdio rock ’n’ roll sem frescuras, é esse o ambiente que se tem ao gravar. O Gustavo é muito competente e somou com a banda de maneira muito forte. Ele sabe pegar nossa sonoridade ao vivo e levar pro álbum, além de ter participado de algumas faixas fazendo backings ou tocando teclado. O cara é um parceiro e estamos trabalhando com ele novamente no nosso DVD de 20 anos.

Capa / Arte: Beto Andrade


03) Durante a turnê européia de 2010 a banda visitou o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. Isso resultou na música “O Campo”. Conte-nos um pouco dessa experiência.

Manu: Eu sou fanático por história, em especial sobre o grandes conflitos da humanidade, e com certeza a Segunda Guerra Mundial foi o maior e mais brutal desses conflitos.  O que levou um povo culto como o alemão a embarcar numa ideologia furada como aquela ainda é um mistério, inclusive para eles. Obviamente tenho repulsa pelas atrocidades cometidas assim como por qualquer discriminação racial ou social. Estar lá foi um misto de sentimentos, mas com certeza é algo que deve ser preservado e nunca esquecido.  Nós com certeza nunca esqueceremos essa visita e parte das nossas percepções estão em “O Campo”.

04) A arte do disco é bem interessante. Fale um pouco sobre ela.

Manu: Quem fez a arte foi o Beto Andrade de BH (https://www.facebook.com/beto.a.silva ) , um artista novo mas que está fazendo um trabalho de respeito. Eu tinha mais ou menos um conceito para a capa e fui passando pra ele. Depois de vários estudos chegamos nesse que representa bem o conceito do álbum, uma divindade, um ser surgido a partir das fraquezas do ser humano.  Seria a nossa versão da deusa da destruição Kali. O encarte ficou por conta do Marco, meu irmão e baterista do Uganga, e também casou perfeitamente com a idéia. Foi um trabalho feito em conjunto e o resultado nos agradou 100%.


05) Durante esses anos de estrada devem ter ocorrido situações inusitadas. Há alguma que você gostaria de contar?

Manu: Cara, rolou muita coisa, por sorte ou merecimento mais coisas boas que ruins. A estrada é um território que deve ser respeitado, assim como uma floresta fechada ou uma trilha nas montanhas. Pode ser lindo, mas também pode te destruir, creio que com o tempo a gente passou a aprender as regras do jogo (risos). Já tocamos com bandas de black metal extremo e com os Racionais MC’s  pra você ter uma idéia (risos). Se ver perdido no meio de um milharal na Holanda, tretar com um babaca nazi em Frankfurt, ver o nome da sua banda grafitado no muro de Berlim por um artista local ou visitar lugares como Auschwitz são coisas loucas que você lida nessas viagens. Ter a chance de tocar com artistas que você admira ou mostrar sua música para outras culturas não tem preço.

06) No mês passado vocês fizeram um show junto com o Coroner. Como foi a experiência?


Manu: Foi demais! Há tempos queríamos fazer um lançamento do “Opressor” na capital paulista e essa chance veio na hora certa. Adoro Coroner e foi foda vê-los detonando 30 anos depois, assim como conhecer as outras três bandas. Do nosso lado foi o segundo show com o Murcego na terceira guitarra e a recepção do público e da crítica a nossa apresentação nos deixou muito felizes. Espero que não demoremos a voltar!



07) O que você acha do cenário atual brasileiro?

Manu: Acho que vivemos um bom momento, várias bandas legais, publicações especializadas tanto físicas como virtuais, um público que segue se renovando, vejo com bons olhos.


08) Deixe um recado para os fãs.

Manu: Você que quer conhecer o Uganga, acesse nosso site www.uganga.com.br ou veja nossos vídeos https://www.youtube.com/user/ugangamg. Se gostar, cole nos shows e vamos tomar uma cerveja. Pax!

09) Como de praxe aqui no Dossiê do Rock, agora é a vez de vocês. Podem me perguntar o que quiserem!

Manu: Ok, vamos lá: Qual o seu dossiê sobre o Uganga? Muito Obrigado!

Bruno: Cara, não dá pra escrever o que gostaria aqui para não ficar enorme (risos). O que posso dizer é que o Uganga já é mais uma das gratas surpresas que tive nos últimos tempos e que sentimento, técnica e, principalmente, conteúdo, são elementos marcantes no trabalho de vocês. Espero fazer um dossiê de verdade com todo o material possível sobre a banda em breve, pois quanto mais gente conhecer o Uganga, melhor. Grande abraço e o Dossiê do Rock estará sempre de portas abertas para vocês!



Dossiê do Rock: Revelando o passado. Incentivando o futuro.