Por Bruno Sawyer
Com seu recém lançado disco
de estreia, o grupo apresenta um ótimo cartão de visitas.
A sonoridade da banda não se
atém apenas ao punk rock, pois misturam elementos que vão do blues ao heavy
metal.
O registro foi produzido e
mixado por Paulo Penov e gravado no estúdio Doze. A capa fica por conta de
Rodrigo Menecucci.
15
Minutos abre o disco com bastante peso. Uma intro tenebrosa no
baixo e depois o restante da banda entra com o pé na porta fazendo uma crítica
aos que possuem o “sonho” vazio de ser uma celebridade, algo que para quem não
nasceu em berço de ouro, dura apenas 15 minutos.
Canção
de Guerra vem em seguida e é aquele tipo de música para abrir
rodinha no meio do público e por a casa abaixo.
Tudo
Está Tão Bem começa com uma levada meio jazz no baixo e
depois entra com o peso do bom e velho rock’n’roll. O vocal enérgico de Marco é
um cruzado de direita na cara dos apáticos que reclamam, mas não fazem nada.
Tudo
Infestado possui um riff marcante e uma temática que,
infelizmente, está presente nas canções de protesto brasileiras há bastante
tempo (creio eu que desde o “descobrimento” quando os índios revoltados que
sobraram faziam danças de protesto contra os ladrões “governantes”). Com uma
bela melodia a canção faz uma crítica ferrenha à classe política brasileira
que, ao invés de servir o povo, o assalta descaradamente.
“Ratos, estão no senado,
entre os deputados
Governantes, ministros e
seus secretários.”
Tudo
Infestado - Coice
Autoridade tem
uma pegada meio rockabilly (mais pesado claro) e o solo de guitarra merece
destaque, passando a tensão e força exigidas pela canção.
Mortos
Vivos é bem direta e fala sobre os moradores de rua, algo que
na capital paulista já faz parte do “patrimônio” da cidade, porém poucas
pessoas os veem como seres humanos, alguns os tratam com hostilidade e a
maioria simplesmente não os enxerga.
![]() |
Capa / Arte: Rodrigo Menecucci |
País
das Trevas possui uma melodia bem densa, para retratar os tempos
atuais brasileiros. Com uma intro pesadíssima no baixo, a canção mostra o caos
em seu riff principal e na letra muito bem escrita (característica marcante do
grupo).
Nunca
Mais
é mais alegre, meio bluesy, e fala do sonho de toda e qualquer pessoa que não
nasceu em berço de ouro, que é nunca mais trabalhar. Na verdade, é poder fazer
o que gosta, pois quando você faz o que você gosta, você deixa de trabalhar.
“Eu
odeio horário. Odeio obrigação”
Nunca
Mais - Coice
A trinca Praga Humana, Coice e Vida À Toa
encerra o disco com propriedade. Aliás, a faixa-título é tão porrada que exige
que você abra uma rodinha na sala de casa e ponha tudo abaixo.
A banda Coice apresenta
neste seu primeiro álbum o seu grande potencial. Melodias bem construídas,
conteúdo e atitude marcam este registro. E só frisando, é punk, é bom e é
nacional. Valorize a música boa que é feita no Brasil.
FICHA
TÉCNICA
Ano: 2015
Artista: Coice
Álbum: Coice
Músicos: Marco
de Castro (vocal), Diego Zubrycky (guitarra), Marcus Betioli (baixo) e Leandro
Correa (bateria).
Track
list
01 15 Minutos
02 Canção de Guerra
03 Tudo Está Tão Bem
04 Tudo Infestado
05 Autoridade
06 Mortos Vivos
07 País das Trevas
08 Nunca Mais
09 Praga Humana
10 Coice
11 Vida À Toa
Dossiê do Rock: Revelando o passado. Incentivando o
futuro.