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Tourette / Foto: Fernando Pilatos |
O conjunto paulistano
apresenta ao público seu primeiro trabalho, o disco Out Of Control (2015).
O álbum foi produzido pela
banda e Wagner Bernardes. Gravação, mixagem e masterização ocorreram no estúdio
Espaço Som em São Paulo.
O grupo apresenta arranjos
ricos que misturam peso e melodias tranquilas, por vezes melancólicas, que
captam bem a essência do conceito do disco, cuja inspiração maior é a síndrome
de Tourette.
Como diz o vocalista Massimo
Spalla “Para um artista a arte funciona como um exorcismo de pensamentos,
sentimentos. A síndrome de Tourette, de certo modo, funciona com a mesma força.
As pessoas precisam expressar certos movimentos, certas palavras. Não tem como
controlar isso!”
Fireball abre
o disco com uma intro enigmática que, aos poucos, vai apresentando os
instrumentos e a voz. Depois a melodia cresce e o peso do riff contrasta com o
vocal tranquilo e ao mesmo tempo desesperado dos primeiros versos, que depois
abre espaço uma abordagem mais agressiva e perturbadora. Encontramos aí um belo
trabalho de interpretação de Massimo.
“It’s Often Hard To Do The Right Things
Bitterness Surrounding Me”
Fireball -
Tourette
Voices vem
em seguida fazendo bastante barulho em sua intro. A melodia cai para uma levada
mais tranquila, com vocais dobrados que trazem a noção de que o personagem da
canção está ouvindo vozes em sua cabeça. O refrão é pesado com os gritos de “Why
Accept? Why Reject?” e é daqueles que gruda na cabeça.
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Capa do Disco |
Logo após com voz e piano
temos Breath que é meio que uma
declamação. Another Day aparece em
seguida com uma levada tranquila em seus versos e bastante peso em seu refrão
(que também é daqueles “sing along”), além de um solo inspiradíssimo. A música
é finalizada com uma bela seção acústica.
“Sing My Song
Seeing The Life Fade Away
I Don’t Want
To See Another Day”
Another Day -
Tourette
The
Withdrawall Valley é mais uma faixa curta que traz a voz de
Suzanne Dantas implorando para que seu grande amor não a deixe. Quanto
desequilíbrio emocional um coração partido não nos traz?
Liar vem
em seguida com sua letra e melodia obscuras e um refrão potente. O belo trabalho
de baixo de Andy Araújo tem seu destaque e a voz agressiva de Massimo garante
a força necessária requisitada pelo refrão.
“There Is A Liar Here… There Is A Liar Here!...”
Liar -
Tourette
Prisoner apresenta uma bela
melodia acústica e dá um pouco mais de serenidade ao disco.
Reason e Overshadowed contam com melodias mais
complexas e a segunda se inicia com o baixo mostrando todo seu peso. A cadência
no andamento é uma das características marcantes dessas canções.
Tourette
encerra o disco da forma mais direta possível, falando sobre a doença que
inspirou o nome da banda e que se relaciona com o conteúdo do disco. O peso e a energia presentes na canção fecham
de forma satisfatória o primeiro trabalho do grupo.
Com uma bela mixagem e
produção, o Tourette traz todo seu conteúdo e musicalidade. Falando sobre
assuntos que afligem a alma, o grupo mostra que a arte é, talvez, a melhor
terapia.
Além de abordar um assunto pouco conhecido como é a síndrome de
Tourette e apresentá-lo de forma contundente aos seus ouvintes, fazendo com que
a doença se torne mais conhecida, dando voz aos seus portadores.
O disco é, sem dúvida, uma
ótima opção de audição. E isso mostra às pessoas de mente pequena (que acham
que o rock morreu e que só o que é gringo é bom) que ainda há ótimos artistas
no Brasil, com conteúdo e muita música boa.
FICHA TÉCNICA
Ano: 2014
Artista: Tourette
Álbum: Out Of Control
Músicos: Massimo
Spalla (vocal), Vini Costa (guitarra), Hugão (guitarra), Andy Araújo (baixo),
Anselmo Santos (bateria).
Participações: Carol
Spalla em Prisoner, Suzanne Dantas em The Withdrawal Valley, Elisa Spalla em
Voices e Wagner Bernardes (vocais adicionais, violões e pianos).
Track
list
01 Fireball
02 Voices
03 Breath
04 Another Day
05 The Withdrawall Valley
06 Liar
07 Prisoner
08 Reason
09 Overshadowed
10 Tourette
Links relacionados:
Dossiê do Rock: Revelando o passado. Incentivando o
futuro.